O cinema e a vida
"Inverno" no Rio (com 22 graus às 7 da manhã) tem destas coisas: é possível subir ao Corcovado quase sem mais ninguém por perto. Fui lá com a Manuela, a Bárbara, a Madalena e o Paulo, que se revelou um excelente cicerone. Tínhamos o "bondinho" todo só para nós. Mal embarcámos, lembrei-me de um dos filmes da minha vida: o fabuloso Orfeu Negro, de Marcel Camus - Palma de Ouro em Cannes e Óscar para melhor filme estrangeiro em Hollywood -, com uma cena capital ali filmada.
Dica importante: é fundamental sentarmo-nos no lado direito do bonde, não só para vermos as belezas naturais da Tijuca mas também para não perdermos a célebre "curva do Ó", onde o panorama é tão deslumbrante que o forasteiro só consegue abrir a boca de espanto. Lá em cima, ao contemplar a Lagoa Rodrigo de Freitas, Ipanema e o Jockey Clube, lembrei-me de outro filme: Voando Para o Rio de Janeiro, com Fred Astaire e Ginger Rogers - a primeira vista aérea do Rio que o cinema americano nos proporcionou.
De facto, vendo a "cidade maravilhosa" daquele ângulo, estilo plongée, até parecíamos a bordo de um avião. O Corcovado e nós.