Dois marcos em São Paulo
1. O Museu da Língua Portuguesa. Eis o que se chama uma obra de referência - uma autêntica declaração de amor ao nosso idioma, aqui apresentado como uma realidade viva, dinâmica e pujante a partir das obras dos grandes mestres - de Camões a Pessoa, de Machado de Assis a Nelson Rodrigues, de Drummond a Sophia. Com um belíssimo cenário - envolvente, atraente, esteticamente irrepreensível. A grande actriz Fernanda Montenegro faz de cicerone oral numa irresistível viagem à volta de uma língua que é património de mais de 200 milhões de habitantes do planeta. E nem Macau e Timor ficam esquecidos nesta incursão pelo mundo onde se fala português, servida também pelas vozes inconfundíveis de Chico Buarque e Maria Bethânia.
Este museu, inaugurado em Março na concorridíssima estação ferroviária da Luz, está a ser um caso de sucesso. Com uma média de 50 mil visitantes por mês. Que tenha sido edificado pelos brasileiros e não por nós devia ser motivo suficiente para nos envergonhar a todos.
2. O Consulado-Geral de Portugal. Agora implantado num amplo prédio de traça colonial - exemplarmente restaurado - a meio caminho entre as avenidas Paulista e Faria de Lima, no eixo central da cidade, mais parece uma verdadeira embaixada. Melhor: tem mais categoria do que várias embaixadas portuguesas no estrangeiro (sei do que falo, pois conheço muitas). Esta recente transferência de instalações, em boa hora decidida pelo nosso dinâmico embaixador em Brasília, Francisco Seixas da Costa, só prestigia o nome de Portugal no Brasil. A boa imagem de um país também se mede por estas coisas.