Os «Ecos de Aljustrel»
Tenho assistido ao debate sobre o conflito no Médio Oriente. Percebo muito pouco do que realmente está em causa e ao ler as diversas tomadas de posição nasce em mim a convicção de que discutir a moralidade da guerra é um labirinto de onde dificilmente se sai. Vem-me à memória um artigo do Vasco Pulido Valente (VPV) escrito em 1999 quando se debatia no parlamento português a intervenção da NATO na Jugoslávia. Nunca mais me esqueci. Levantavam-se então os mesmos dilemas morais(?) que exacerbam posições de um lado e de outro. Produziam-se manifestos anti-guerra, tal como hoje, e ecoavam as vozes dos grandes Soares, Freitas, Eanes e do inefável bispo Januário, entre outros. Na coluna que então escrevia no DN - "Faz de Conta" - o VPV ilustrou a cena com uma história deliciosa que o Eça contava sobre o director dos Ecos de Aljustrel. Quando Bismarck invadiu a França, o bom homem, a espumar de fúria, ameaçou com veemência: «Deixem estar que amanhã dou cabo dele nos Ecos.»