Tomar partido
Algumas das personalidades que se reclamam da "equidistância" no actual conflito israelo-árabe fazem-me lembrar aqueles que nos anos 70 e 80 gritavam nas ruas europeias: "Nem NATO nem Pacto de Varsóvia." Como se pudesse haver equivalência moral e política entre sistemas democráticos e totalitários. Não tomar partido, em diferendos como este, equivale a apoiar quem tem menos razão. Cometem-se crimes de ambos os lados? Certamente que sim: toda a inocência se perde em tempo de guerra. Mas, tal como Pacheco Pereira aqui nos advertia a propósito das recentes teses revisionistas sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-39), toda a equidistância é imoral quando está em causa um conflito entre a legitimidade democrática, ainda que musculada por uma questão de sobrevivência, e a pura lógica do terror que faz tábua-rasa de básicos princípios civilizacionais. Basta recordar como o Comité de Não-Intervenção, durante a Guerra Civil de Espanha, beneficiou objectivamente os rebeldes de Franco contra as legítimas autoridades de Madrid. Quando recusamos optar entre um mal maior e um mal menor, acabamos - mesmo sem querer - por fazer a pior das escolhas.