Auschwitz nunca mais
Amos Oz, um dos maiores escritores da actualidade, israelita de esquerda, resume todo o drama do Estado judaico concentrado nos últimos 60 anos de História: "Se Israel perder uma vez, isso quer dizer genocídio." Declarações feitas numa entrevista à Fernanda Câncio, que esta minha colega recordou em edição recente do DN. Depois do Holocausto, os judeus jamais aceitarão voltar a ser imolados: basta isto para justificar o combate quotidiano que travam contra o ódio de vizinhos que pretendem riscá-los do mapa. Estes vizinhos, recorde-se, declararam guerra ao Estado judaico no próprio dia em que foi proclamada a independência de Israel, em 1948, sob a égide das Nações Unidas. É este o primeiro dado fundamental para entendermos a fogueira em que se transformou o Médio Oriente, agora agravada pela proliferação dos "mártires de Alá", que matam indiscriminadamente em qualquer recanto do globo, e pela entrada do Irão no clube atómico, de consequências imprevisíveis.
Seis décadas depois, Israel joga diariamente a sua sobrevivência contra inimigos fanáticos que teimam em não lhe reconhecer o mais elementar dos direitos: o direito à existência. "Sou pela paz, mas não sou pacifista. Não sou adepto de oferecer a outra face", dizia ainda Amos Oz naquela entrevista. Queiram ou não queiram o Hezbollah e a sua legião de admiradores em todas as capitais do Ocidente, nunca mais se repetirão Auschwitz e Treblinka.