Fashion victims
Já vos falei nos bigodes. Hoje é o dia das cuecas.
Mais uma vez, e quanto aos culpados, cherchez les femmes. Não vale a pena apontar o dedo aos gays da indústria da Moda, pobres títeres nas suas mãos envernizadas.
Como prova, basta reparar nisto: Ao mesmo tempo em que elas reduziam a sua roupa interior ao apropriadamente chamado fio dental (dada a espessura só quanticamente mensurável da tirinha de tecido) e revelavam assim ao mundo estrias, gorduras e celulite sem qualquer pudor, os homens foram proibidos de usar cuecas - ou slips, como queiram chamar-lhes - sob pena de morte social.
De uma vez por todas, é preciso que alguém diga isto: Não precisamos que as mulheres partilhem connosco 90% da sua superfície epidérmica quando andamos na rua, incluindo os sovacos, os umbigos, as coxas e os decotes.
Hoje em dia não há parcela que fique por ostentar, nessa fronteira entre a alça do soutiã e o cós das cuequinhas a saltar de dentro das calças. E pouco lhes importa se a experiência estética transmitida é, muitas vezes, impeditiva de uma boa digestão. É a lógica aplicada do «se não quiser que não olhe», como se as pupilas masculinas fossem controladas por um qualquer telecomando e o estrago não estivesse feito.
Já os homens, ai de nós se deixamos a descoberto um centímetro de barriguinha saudavelmente alimentada! No espaço privado, na sacra intimidade do lar, somos forçados a usar umas tendas de pano denominadas boxers. No espaço público, na mais descontraída das praias, o tirânico gosto impõe-nos fatos de banho estilo ceroula fina, até ao tornozelo.
Por mim, dava já o passo revolucionário de vestir contra a corrente. Só tenho medo é da consequência: Uma dor de cabeça. Para ela, é evidente.
Em breve: A recuperação da meia-branca.