Sobre a qualidade dos ministros
A ministra da Cultura decidiu ontem bater no ceguinho. Parece que na apresentação do programa anual do CCB - já agora, não percebo porque raio é que Pires de Lima se colou à cerimónia, o CCB não é do Estado - atacou o anterior presidente da instituição que responsabilizou por "vários anos" de "autocentramento e autismo". Parece que nessa altura o CCB não organizava suficientes iniciativas suas, mantendo-se numa "atitude de mera expectativa em relação ao que os produtores privados propunham".
Estas declarações são ideais para demonstrar o nível de quem nos governa.
Pires de Lima critica o homem que estava à frente da admnistração do CCB - que aviso já não conhecer de lado nenhum - sem se referir uma única vez, ao número de vezes que o conselho de administração mudou de nomes. Sem se referir uma única vez aos atrasos de meses, o que num orçamento anual faz mossa, no pagamento da parte do Estado, sem se referir a quem é que colocou Fraústo da Silva no CCB (uma conhecida amizade de Mário Soares). Limita-se a queimar no poste aquele que é o elo mais fraco.
Simples desonestidade mental.
Mas há outro sinal revelador. É que Pires de Lima critica o ceguinho por uma coisa que ela própria já fez enquanto ministra. Se o problema de Fraústo da Silva era não dinamizar iniciativas culturais da autoria do CCB, por que raio é que assinou um protocolo com Joe Berardo, que na prática vai acabar com toda e qualquer exposição de arte no CCB a partir de 2007? Isso não é deixar o CCB numa "atitude de mera expectativa em relação ao que os produtores privados propunham"?
Pois é, o problema é que Joe Berardo sabe mais da vida na ponta do seu dedo mindinho, do que a senhora ministra e todo o seu gabinete e assalariados juntos. São os governantes que temos...