Simplesmente Cavaco
É mais do que natural que quem votou Cavaco esperando nele o Paladino da Oposição, como é o caso do João Gonçalves, levante agora a sua voz crítica. Mas é preciso que se entenda algumas coisas:
Em primeiro lugar que Cavaco Silva quer ser, já é, um presidente supra-partidário. O primeiro desde o 25 de Abril. Aquele que não deve nada aos partidos para a sua eleição e, neste caso, ao PSD em particular. Cavaco não é de esquerda nem de direita. É apolítico. Como, aliás, cada vez mais portugueses o são.
Em segundo lugar e último, Cavaco Silva sabe que apoiando o Governo num dia - como agora a Ciência ou amanhã outra área qualquer - pode vetar qualquer um dos projectos de Sócrates no dia seguinte, sem que possam acusá-lo de oposicionista.
Pode ser que este roteiro da presidência, como escreve o João na sua acutilância habitual, não passe de «espuma». Mas não me parece. Estou certo, aliás, de que Cavaco tem uma paciência muito mais longa do que aqueles que votaram nele.
Quando for preciso, Cavaco porá o Governo no seu lugar. Quando quiser elogiar, fá-lo-á. Em ambas as situações, sairá a ganhar.