A RTP sem publicidade. Três perguntas a Manuel Falcão
No seu A Esquina do Rio, Manuel Falcão regressa com a ideia antiga que, desde a sua origem, os canais privados têm defendido e Francisco Pinto Balsemão em particular. A saber, a eliminação da publicidade nos canais de serviço público.
O argumento são dois: A guerra de audiências para captação de anúncios não permite programação de qualidade na RTP, e a RTP retira do «bolo» uma fatia que deveria ser destinada a permitir o surgimento de mais canais privados.
Sucede, caro Manuel, que os teus argumentos me parecem frágeis mas considero que tu, melhor do que ninguém, como ex-director de programação e na actual qualidade de Director Geral de uma empresa de compra de espaço publicitário, estás em condições de sabê-lo.
No entanto, pergunto: Caso fosse retirada publicidade à RTP, de onde viria o dinheiro público para sustentar os meios, os profissionais, os programas? Qual é o «custo social» de que falas e quem o pagaria?
Se fosse retirada publicidade à RTP, de que modo essa decisão se relacionava em termos de oferta televisiva para o espectador com o surgimento de novos canais comerciais, logo regidos pela lógica de audiências?
E, finalmente, não te parece que mais do que discutir a lógica publicitária das televisões entre si, é muito mais importante discutir o que a sua lógica de preços baixos e product placement provoca na imprensa e nas rádios?
Um abraço