Esquerda contra esquerda
Evo Morales decretou a nacionalização das explorações de petróleo e gás natural bolivianas - facto particularmente relevante neste último caso, já que o país tem as segundas maiores reservas do globo. Nasce na América do Sul um movimento alternativo à globalização?, questionava aqui ontem o Nuno. Não sei. Mas anoto a coincidência: Evo tomou a decisão 48 horas depois de regressar de Cuba, onde esteve reunido com os seus mentores Castro e Chávez, gente pouco recomendável. E anoto ainda o seguinte: os dois países mais prejudicados pelas nacionalizações em La Paz são o Brasil (do "revolucionário" Lula, esse baluarte da esquerda contemporânea) e a Espanha (regida pelo governo socialista de Zapatero), que controlavam mais de 70% da extracção de gás boliviano. Madrid e Brasília estão à beira de um ataque de nervos, em defesa das suas empresas Repsol e Petrobrás, o que não admira. Esquerda contra esquerda, portanto. Quase seria divertido se não viessem aí dias ainda piores para o depauperado povo boliviano. Como se verá.