Que é feito de si, Francisco Louçã ?
Sendo eu anticomunista primário e, evidentemente, também antifascista primário, tenho que reconhecer que o PCP defende aquilo defende quando os governos são de direita ou quando são de esquerda como este de maioria absoluta do PS pretensamente é. Isso não me faz ter qualquer simpatia por comunistas ou por Jerónimo de Sousa, porque quando começo a cair para aí lembro-me logo do apoio que dão a ditadores assassinos como Fidel Castro e passa-me logo. Agora o Bloco de Esquerda é outra coisa. Onde está a berraria indignada de Francisco Louçã, que descobria um escândalo por semana nos governos do PSD/CDS e agora anda caladinho que nem um rato com as alterações às reformas dos funcionários públicos, o desemprego recorde, uma economia a andar para trás, o aumento do IVA, a colocação de dirigentes socialistas na direcção de empresas públicas e no Tribunal de Contas, a política da ministra da Cultura, a encenação das "reformas", o crescimento dos gastos do Estado, etc, etc, etc ? Dois pesos e duas medidas e os trabalhadores que se lixem. Já nem consciência crítica da esquerda os bloquistas conseguem ser. Têm saído pessoas do Bloco, mas os nossos queridos jornalistas, sempre ávidos quando há qualquer divergência interna no PSD, CDS ou PCP, não ligam nenhuma. Como, aliás, nunca ligaram aos problemas internos desta estranha aliança entre trotskistas do PSR, stalinistas-maoistas da UDP e dissidentes do PCP, que só num país politicamente atrasado como Portugal consegue convencer pessoas com mais de 25 anos.