Bloco teme pelo regresso do Presidente-Rei
Curioso que nos últimos dias tenho ouvido uma série de responsáveis políticos, incluindo quase todos os líderes parlamentares, dizerem que existe uma tendência "anti-parlamentarista" muito enraízada na sociedade portuguesa. Onde, como se manifesta e quem a promove é que ainda não se percebeu muito bem. O destinatário-alvo mais fácil é o do costume: a comunicação social. Só que não o dizem, ficam-se pelas entrelinhas, nas sussurros de bastidores e vem tudo a propósito, claro, do episódio de quarta-feira passada, quando 107 deputados (mais 13 que estavam em missão no estrangeiro) se dignaram a faltar às votações no Parlamento para irem mais cedo de férias de Páscoa.
Mas a melhor tirada sobre o tal "anti-parlamentarismo" que abunda por aí e que persegue os deputados, exemplares a todos os títulos só que apanhados num lamentável equívoco, é a de que corre no sangue de muitos de nós uns glóbulos brancos de Presidente-Rei. "Há sempre um sidonismo escondido no anti-parlamentarismo", garante Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda. E esta?