quinta-feira, abril 06, 2006

Embandeirar em arco


Ouvi ontem Paulo Portas dizer que a Constituição da República Que Temos (CRQT) é um "erro histórico". Um discurso curioso e há muito anunciado. Mas veio-me à memória, não sei bem porquê, as várias vezes que Portas me dizia que, após a deriva "PP" de Manuel Monteiro, ele iria reinscrever o seu "CDS" (como passou carinhosamente a chamar ao partido, depois de quase lhe ter mudado o nome para "PP") no chamado "arco constitucional português". Ontem o "CDS" parece que voltou por momentos a ser o "PP" de outros tempos, com o tal outro "CDS" representado nas galerias do Parlamento pelo ainda secretário-geral Martim Borges de Freitas e um séquito de seguidores praticamente anónimos, mas de certeza todos dirigentes "centristas".
No PSD, em matéria de CRQT a coisa também não correu melhor. Por um lado, João Bosco Mota Amaral foi ontem o escolhido para exaltar as muitas virtudes que os sociais-democratas ainda vêem no texto fundamental - "A Constituição está viva", disse. Por outro, o próprio líder parlamentar,Marques Guedes tinha ido dizer na véspera num debate tardio que a CRQT precisava de levar uma varridela geral. Mais coisa menos coisa. Em que ficamos? Ela vive, como afirma Mota Amaral, ou tem de ser no mínimo arejada, como defende Marques Guedes? Se calhar não é mau princípio começar-se por fazer uma prova de vida da CRQT e não a diabolizar ou endeusar de cada vez que se assinala a data. Os ingleses não têm uma Constituição escrita e olhe-se para eles, são tão mais civilizados, mais cultos e desenvolvidos que nós...