Estranha forma de discutir (II)
Há vários conflitos no mundo que facilmente descrevemos como estados de guerra civil. A Colômbia, por exemplo; ou o Congo; a Somália ou a Birmânia; o Sudão. Em todos estes casos, grupos étnicos ou sectários do mesmo país formam milícias armadas que atacam civis desarmados dos outros grupos; ou apoderam-se do aparelho de Estado e atacam minorias. Enfim, comunidades inteiras são envolvidas em situações de violência sistemática, sobretudo em zonas onde as diferentes identidades coabitam.
O que define uma guerra civil? A insegurança geral. Ninguém está a salvo de uma acção violenta, seja por haver dois exércitos antagónicos ou porque ninguém consegue ficar fora de uma definição religiosa, tribal ou étnica.
Penso que este é o caso iraquiano: os sunitas são atacados por serem sunitas; os xiitas por serem xiitas; os curdos por serem curdos. Há milícias armadas cuja violência é cada vez maior, limpezas étnicas decorrem em silêncio, os radicais ganham poder. Parte da polícia é acusada de atrocidades. A isto junta-se o terrorismo e a ocupação militar. No Iraque, as diferenças ideológicas são menos profundas do que na Colômbia, as limpezas étnicas decorrem em escala inferior às do Sudão e a violência é menor do que no Congo. Mas se aquilo não é uma guerra civil, então é o quê?