segunda-feira, abril 24, 2006

A arte do conto: Eduardo Antonio Parra


Integrado na colecção Ovelha Negra, que tem excelente grafismo, a Oficina do Livro publica Terra de Ninguém, de um jovem autor mexicano, Eduardo Antonio Parra, que me parece ser um verdadeiro mestre na arte do conto. Parra, nascido em 1965, é do norte do México e conta histórias sobre personagens da fronteira com os Estados Unidos e os conflitos que se vivem naquela geografia extremamente violenta. Neste livro, que recebeu o Prémio Juan Rulfo, o meu destaque vai para o conto que tem o título A Vida Real, onde o autor, em estilo simples, conta uma história profundamente comovente, que é também uma brutal tragédia. Infelizmente, a literatura portuguesa não tem grandes tradições no texto de pequena dimensão, penso que por razões de mercado, muito mal explicadas. Não é o caso da língua castelhana, onde Juan Rulfo, Jorge Luis Borges, Jorge Onetti, Julio Cortazár ou Garcia Márquez inspiraram novas gerações de escritores, os quais cultivam a linguagem contida e precisa, além de uma ternura imensa pelos perdedores.

Na mesma colecção e editora, a novela “As Batalhas no Deserto”, de outro mexicano, José Emilio Pacheco. Também autor de contos, Pacheco (1939) é um dos mais importantes escritores latino-americanos da actualidade.