Cinema negro revisitado
Não é um filme para todos os paladares. Mas é, sem dúvida, uma grande e singular homenagem ao cinema norte-americano. Num registo irónico, exemplarmente bem escrito e bem interpretado por um fabuloso naipe de actores. Falo de Golpe Frio, uma película de Harold Ramis, que já em 1993 nos tinha oferecido essa obra-prima chamada O Feitiço do Tempo. Compare-se com Uma História de Violência, de Cronenberg, que deixou embasbacada a nossa crítica cinematográfica, e repare-se na diferença: Golpe Frio (como sucedeu há dez anos com Fargo) vai certamente transformar-se num filme de culto. Porque tem ingredientes clássicos, que sobrevivem a todas as modas e a todas as piscadelas de olho a uma certa crítica anestesiada, que julga os filmes apenas em função dos nomes dos realizadores. E tem John Cusack, uma espécie de Bogart do avesso que confirma ser um dos grandes actores do nosso tempo.
Classificação: ****