A arte da crónica
É hoje apresentado (já está nas livrarias) o mais recente livro de Pedro Mexia, que reúne as crónicas publicadas na Grande Reportagem, ao longo de dois anos. O volume tem por título “Primeira Pessoa” e é editado pela Casa das Letras, com prefácio de Francisco José Viegas. Mexia domina como poucos a arte da crónica, conseguindo textos com estilo muito personalizado, carregados de humor subtil, sólida cultura e poder de observação arguto e sensível. A crónica é um género exigente, com tradições na Imprensa portuguesa. O objectivo de cada texto não é a publicação em livro, mas o impacto efémero na página de jornal ou revista. No entanto, os grandes cronistas têm o engenho (ou o talento) de desafiarem as leis da crónica e a sua submissão à sentença da passagem dos dias. Penso que “Primeira Pessoa” resistirá a essa inexorável erosão do tempo. Já poeta sólido, Pedro Mexia assume o seu lugar como um dos cronistas do Portugal contemporâneo. E ser seu amigo é, para mim, um grande motivo de orgulho.
Tremenda injustiça não referir aqui um mestre deste género literário, Onésimo Teotónio Almeida, de quem se publica mais um volume de crónicas, “Livro-me do Desassossego”. Onésimo é um torrencial contador de deliciosas histórias e senhor de uma cultura inesgotável.