A queixinha da Guidinha
É impensável que algum tribunal dê provimento à providência cautelar accionada por Margarida Rebelo Pinto para impedir a saída do livro de João Pedro George. Seria o mesmo que um juiz do século XIX ter impedido Eça de Queiroz de produzir as suas demolidoras críticas a Pinheiro Chagas. Ou que no início do século XX Almada Negreiros se visse impedido de divulgar o Manifesto Anti-Dantas. Ou que Luiz Pacheco, nos anos 60, fosse silenciado pelo poder judicial antes de ter podido acusar Fernando Namora de plagiar a Aparição de Vergílio Ferreira no romance Domingo à Tarde. Felizmente não vivemos numa teocracia islâmica. Nem criticar a Guidinha é um acto de lesa-majestade.