Triste república
Jorge Sampaio despede-se melancolicamente ao fim de dez anos e já só lhe ligam por obrigações protocolares. Foi um mau chefe de Estado porque deixa o país pior do que quando foi eleito para a presidência.
Entre discursos cheios de banalidades, deixou o descalabro guterrista avançar e até hoje pagamos, e pagaremos, pela sua cumplicidade.
Quando chegou Durão Barroso, sabotou o esforço para pôr as contas em ordem, ajudando a virar a opinião pública contra Manuela Ferreira Leite com frases do tipo "há vida para além do déficit". Usou depois a bomba atómica contra as asneiras inconsequentes de Santana Lopes que, por muito mediatizadas que fossem, nunca puseram em causa "o normal funcionamento das instituições democráticas".
Nos poucos meses que conviveu com Sócrates, assistiu impávido à demissão de Campos e Cunha e ao desrespeito completo pelas promessas eleitorais dos socialistas. E ainda assinou a nomeação do vice-presidente da bancada parlamentar do partido do Governo, Oliveira Martins, para o Tribunal de Contas, algo digno de uma República das Bananas.
Podem-me dizer à vontade que Jorge Sampaio é muito boa pessoa que eu até acredito. Mas foi um dos que mais ajudou o país a afundar-se na crise em que se encontra.