Islão II
Todos os restantes países islâmicos terão uma de três opções: reforçam a influência da religião na política, mudam devagar sem comprometerem o domínio das oligarquias ou mudam tudo. Esta última opção, a terceira via do mundo islâmico, mostra a importância do futuro da Turquia nas relações entre Ocidente e Islão.
Um partido islamista (AK, a sigla é também a palavra turca para branco ou limpo) ganhou as eleições e, pela primeira vez desde a fundação da república secular, os militares não intervieram. O partido no poder é moderado e conservador, comparável às formações democratas-cristãs da Europa Ocidental. Com habilidade, o novo Governo fez avançar a causa da integração europeia, introduzindo legislação mais avançada, Estado de Direito, liberdade de Imprensa, direitos das minorias e reformas económicas que atraíram mais investimento externo. A manter-se por uma década a actual tendência, a Turquia atingirá na altura da sua adesão à UE metade do rendimento per capita europeu, nível em que Portugal estava quando entrou nas comunidades.
As mudanças foram introduzidas porque os turcos têm um incentivo irrecusável: no fundo do túnel está o prémio da adesão. Se esta não se concretizar, a Europa estará a perder a oportunidade de provar que as outras duas respostas islâmicas ao choque da globalização são piores para os países que as escolherem. A Turquia prova que o Islão não é incompatível com democracia, economia de mercado ou modernidade.