domingo, fevereiro 10, 2008

Tolerância tem limites


A um mês das eleições o PP espanhol introduziu na agenda política de Espanha a discussão sobre o uso do véu islâmico nos estabelecimentos de ensino. Lembro-me que quando a França proibiu o véu islâmico nas escolas fui contra. Alinhei, então, convictamente pelos que argumentavam que essa era uma intromissão inadmissível na vida privada dos imigrantes muçulmanos, que revelava desrespeito pelos seus usos e costumes, alimentando de forma gratuita e até irresponsável o conflito sempre latente entre a nossa cultura e a deles.
Sei que a lógica primária do olho por olho dente por dente, aliás expressamente condenada no nosso livro sagrado (também temos um!) não pode sequer ser considerada na delicada gestão das nossas relações com os povos do Islão, por isso não foi inspirada pelo desprezo que tais povos têm revelado pelos nossos valores que mudei de ideias.
A verdade é que o véu islâmico simboliza a sujeição da mulher a uma cultura machista que nós, no ocidente, já não toleramos há muito. A emancipação das mulheres foi o resultado de uma longa luta e de um crescimento civilizacional que conquistámos e que em particular nós, mulheres, queremos ver respeitado. A igualdade entre géneros é um valor fundamental do ocidente, portanto quando se discute o uso do véu islâmico é de valores que estamos a falar.
Será razoável, em nome da tolerância consentirmos no desrespeito desses valores? Será assim tão abusivo exigir a quem quer viver entre nós que não nos afronte? A integração que eles reclamam não terá que passar por aí?
Na verdade a questão está em saber até onde a tolerância nos deve levar. É que no limite ainda há quem se disponha, em nome da tolerância, a assobiar para o lado quando se fala de excisão dos órgãos genitais femininos...