McCain e a memória de Eisenhower
O virtual empate entre Hillary Clinton e Barack Obama nas primárias do Partido Democrático norte-americano é uma boa notícia para o Partido Republicano. Os republicanos, com o seu tradicional instinto de poder, não tardarão a arrumar a casa, congregando-se em torno de John McCain – um homem que evoca um grande presidente americano, Dwight Eisenhower, herói da guerra contra o totalitarismo nazi e responsável por um dos períodos de maior expansão económica no país. McCain tem a gravitas de Estado que sempre faltou a George W. Bush, é um homem com biografia e ideias muito próprias, que nunca se vergou ao aparelho partidário e sabe comunicar com os eleitores. Se escolher um candidato a vice-presidente jovem, oriundo de um dos principias estados (Califórnia, Nova Iorque, Texas ou Florida), aumenta substancialmente as hipóteses de êxito em Novembro perante um campo adversário mais dividido que nunca entre a senadora Clinton, com inúmeros devotos mas também com um índice de rejeição fortíssimo, e o senador Obama, carismático mas inexperiente. Sintomaticamente, o candidato ideal dos democratas, o vice-presidente Al Gore, tem-se mantido fora da corrida. Reaparecerá ainda, como elemento unificador dos “liberais” americanos? Ele é o único que McCain seguramente deve temer.