segunda-feira, janeiro 14, 2008

Recordar é votar

Disse que não aumentaria os impostos, mas subiu o IVA para 21% e criou um novo escalão máximo de IRS; Declarou que não haveria portagens nas SCUT em regiões sem desenvolvimento, e foi o que se viu; Criaria 150.000 postos de trabalho e aumentou o desemprego. Colocaria a Economia a crescer 3% e referendaria o Tratado Europeu: Todos sabemos o que se passou.
Hoje, o Público destaca na sua página 3 as «promessas quebradas e os objectivos falhados», contrapondo ao programa eleitoral do PS as decisões do Governo: Nada de novo, poderão dizer. E, no entanto, há alturas em que a novidade importa menos do que o refrescar da memória, para que entendamos como é possível que um partido político prometa 150.000 empregos e, uma vez no Governo, tente desculpar-se afirmando que «a meta (isto é, o cumprimento do compromisso eleitoral) não depende da sua vontade».
Déjà vu, esta prática de dar o dito por não dito? Transversal ao rotativismo do bloco central, este estar-se nas tintas para honrar a palavra dada a quem os elegeu? Esta prática de prometer o que sabe que não poderá dar? É bem capaz de ser. E é capaz de continuar a sê-lo. Mas a culpa é de todos os que acusam de «falta de carisma» aqueles que se pautam pelos valores e pela honra e se deixam ofuscar pela forma, permanecendo surdos à desafinação dos conteúdos. Recortem esta página do Público de hoje e, em 2009, tirem-na da gaveta. Talvez vos ajude a decidir.

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