Em Portugal o ridículo não mata
Os principais jornais semanários de informação portugueses são assustadoramente unânimes esta semana ao eleger a ASAE para manchete. Para mim, a do Expresso é imbatível: "Tiro, assalto, luta corpo-a-corpo e combate ao terrorismo - Polícia americana e SIS treinam ASAE".
Ao ver o jornal da SIC de ontem percebi a necessidade. Em Faro, a ASAE fechou uma mercearia centenária e o dono, um velhinho aparentemente cambaleante mas, quem sabe, com um arsenal bélico insuspeito atrás das embalagens de Nestum, tentava disfarçar explicando que já tencionava fazer obras.
Tomemos a Ginginha dos Restauradores, por exemplo. ASAE que é ASAE entra por ali adentro ao pontapé, de bazuca em punho e máscara anti-gás sarin. Já para não falar dos vendedores de bolas de berlim, esses astutos snipers ao serviço sabe-se lá de quem e cuja caixinha branca pode ser necessário fazer explodir.
Vi hoje, finalmente, António Nunes, presidente da ASAE apanhado com a boca na cigarrilha na passagem de ano, explicar que, naquela noite, não teve consciência de estar a fazer uma coisa proibida. Ora aqui está uma argumentação valiosa para mim, tantas vezes multada por ir guiar e a falar ao telemóvel: "Não tive consciência, senhor guarda".