Dúvida existencial
Ontem à noite fui picando o Prós e Contras. O tema em debate era o encerramento das urgências em diversos hospitais e centros de saúde. Correia de Campos era um dos convidados.
Sempre que eu voltava ao programa via um bando de homens zangados, alguns mais que zangados, revoltados a tentar travar-se de razões com o ministro que sabia ao que ia e como tal, tentou a maior parte do tempo blindar-se com alguma complacência e abnegação. Mas Correia de Campos – já o tínhamos percebido noutras ocasiões – tem temperamento sanguíneo e apesar do esforço deixou escapar em diversos momentos alguma irritação. É que esgrimir ideias para o Serviço Nacional de Saúde é uma coisa, mas ser confrontado com situações bem concretas, por gente que sabe do que fala, situações que revelam o verdadeiro impacto das decisões do ministério nas populações, é outra bem diferente. No final ficou por perceber um dado que considero essencial e que tem que ver com a atitude mental deste governo: a ausência de alternativas com que algumas populações afectadas pelo encerramento de serviços de urgência se defrontam é fruto de incompetência ou de negligência? Por outras palavras: o Ministério da Saúde não soube ou não se preocupou sequer em prever as consequências das suas medidas? Para além dos aspectos de ordem prática que se colocam, esta questão de fundo anda a preocupar-me cada vez mais.
Sempre que eu voltava ao programa via um bando de homens zangados, alguns mais que zangados, revoltados a tentar travar-se de razões com o ministro que sabia ao que ia e como tal, tentou a maior parte do tempo blindar-se com alguma complacência e abnegação. Mas Correia de Campos – já o tínhamos percebido noutras ocasiões – tem temperamento sanguíneo e apesar do esforço deixou escapar em diversos momentos alguma irritação. É que esgrimir ideias para o Serviço Nacional de Saúde é uma coisa, mas ser confrontado com situações bem concretas, por gente que sabe do que fala, situações que revelam o verdadeiro impacto das decisões do ministério nas populações, é outra bem diferente. No final ficou por perceber um dado que considero essencial e que tem que ver com a atitude mental deste governo: a ausência de alternativas com que algumas populações afectadas pelo encerramento de serviços de urgência se defrontam é fruto de incompetência ou de negligência? Por outras palavras: o Ministério da Saúde não soube ou não se preocupou sequer em prever as consequências das suas medidas? Para além dos aspectos de ordem prática que se colocam, esta questão de fundo anda a preocupar-me cada vez mais.