Por essas casas fora
Certamente muitos dos leitores deste blog já terão visto este quadro. Os mais novos talvez nunca terão reparado nesta célebre obra, mas estou em condições de garantir que ainda anda por aí. Foi, aliás, numa vidraceira que o vi recentemente, em moldura sóbria e tamanho gigante. Ocorreu-me perguntar à empregada se este seria ainda um produto com saída, mas entretanto apareceu a minha encomenda e perdi a oportunidade. Fica para a próxima. Diga-se que foi fácil saber que se trata de um quadro pintado por um espanhol, a que a wikipedia chama mass-produced print e, como um horror nunca vem só, existe uma maldição associada às residências que tinham isto dependurado. Conta a lenda que não havia bombeiro inglês que quisesse este quadro nas casas em que residiam. Lenda urbana ou não, parece que as casas onde houvesse o menino a chorar ardiam ao desbarato e, imaginem só... o quadro ficava intacto. Creepy!
O retrato é verdadeiramente medonho, não lhe consigo vislumbrar pontinha de curiosidade mas vá-se lá saber a razão porque se tornou tão popular no mundo inteiro (acho eu). Talvez fizesse parte do enxoval dos nubentes. É fácil imaginar o kit de lençóis, atoalhados, faqueiro, e... o quadro do menino chorão.
Provavelmente ainda se vende em feiras ou lojas de chineses e haverá alguns exemplares perdidos nos depósitos de lojas multi-usos juntamente com a aguarrás, passevites de alumínio, rolos de cabelo e rolos da massa em madeira. Em querendo, sempre se pode procurar.
O menino tem uma cara amorosa, mas valha-me Deus, um olhar tão triste e lágrimas pela cara abaixo. O casaco parece velho e sujo e o cabelo a precisar de um corte, o que acentua a pobreza e a infelicidade da criança. Uma tristeza de retrato, literalmente.
E o post acaba já aqui antes que fiquemos todos angustiados. O lugar destes quadros é nas quermesses das festas. Com alguma sorte não nos sai na rifa.