terça-feira, dezembro 04, 2007

Manobrismo laranjinha

O PSD e António Costa esticam a corda na Câmara de Lisboa, que ameaça tornar-se ingovernável. Se a Assembleia Municipal não aprovar esta tarde o empréstimo de 500 milhões de euros que Costa considera vital para governar o município, o executivo camarário pode cair, o que força os lisboetas a voltar às urnas. Tudo porque os sociais-democratas mantêm maioria absoluta na Assembleia Municipal - que devia ter ido a votos em Julho e não foi - e servem-se dela para procurarem travar a manobra de Costa. Como na altura referi, mesmo mantendo a legitimidade formal, a AM de maioria laranja perdeu toda a legitimidade política com o resultado eleitoral do Verão, que fez baixar para 15% a representação eleitoral dos sociais-democratas em Lisboa. Paula Teixeira da Cruz, a maior aliada de Marques Mendes neste processo, manteve-se teimosamente em funções. Quando devia ter-se demitido, não o fez. Ameaça fazê-lo agora, que é oposição interna no partido, com uma frase notável: "Eu e a minha consciência vivemos juntas há muito tempo e muito bem."
Receia a actual direcção do PSD que o empréstimo a Costa possa facilitar uma eventual maioria absoluta do PS em Lisboa nas próximas autárquicas. Erro monumental. O que facilita a vida aos socialistas é a estratégia suicidária dos sociais-democratas na capital - estratégia que vem de trás e prossegue agora. Apesar de tudo, estou convicto de que na reunião desta tarde Costa verá o empréstimo aprovado graças à conveniente ausência de alguns deputados sociais-democratas, prontos a darem duas no cravo e três na ferradura. Com tanto manobrismo e tanto tacticismo rasteiro, será quase um milagre se o PSD conservar no escrutínio de 2009 os 15% que agora tem.

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