domingo, dezembro 23, 2007

Cinema Nostalgia (21)


O meu primeiro filme

Tinha sete anos quando entrei numa sala de cinema para ver o meu primeiro filme "a sério". Era Mary Poppins, de Robert Stevenson, numa reposição natalícia no antigo Monumental. Tudo me deslumbrou nesse filme: a música, a personagem da governanta com um toque de loucura, a mescla de desenhos animados com figuras reais, a vivacidade acrobática do Dick Van Dyke, o nariz arrebitado da Julie Andrews (mal adivinhava eu como haveria de gostar tanto de outro nariz arrebitado...). Recordo como se fosse hoje a mágica dança dos limpa-chaminés recortados na noite azul de uma Londres irreal. E a incomparável explosão de alegria que irrompia no ecrã aos primeiros acordes de Supercalifragilisticexpialidocious...
Vi largas centenas de longas-metragens depois desta inesquecível produção dos estúdios Walt Disney. Mas regresso a Mary Poppins com a mesma sensação de encantamento, que se repete em cada fotograma deste filme único, relíquia de um tempo em que os grandes estúdios ainda ditavam cartas na indústria cinematográfica americana. Continuo a comover-me quando ouço Chim Chim Cheree, divirto-me com aquele delirante chá tomado com as personagens coladas ao tecto, ainda acho possível que uma nanny inglesa cruze os céus de Londres a flutuar num guarda-chuva. E não concebo sequer que alguém ponha em causa os méritos desta película, uma das mais deslumbrantes obras-primas do cinema. A ver e a rever em qualquer época, dos sete aos 77 anos de idade.

Aqui publicado pela primeira vez, agora reeditado na série Cinema Nostalgia

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