Melhor do que o Euromilhões, só a GALP
Ainda guardo a breve carta que Américo Amorim me enviou há década e meia. Guardo-a porque foi uma das duas únicas que recebi de leitores em muitos anos, sendo a outra de uma velhinha que me vergastava por apelar ao «pombicídio». Na altura, escrevera eu um breve comentário em resposta a uma notícia de primeira página do Expresso, com parangonas acusando o empresário de ter enganado Robert Maxwell num negócio qualquer. O que dizia, no meu estilo habitual, era que em lugar de criticá-lo devíamos considerar-nos de parabéns por termos em Portugal um empreendedor capaz de aldrabar esse maior dos aldrabões que era Maxwell.
Na volta do correio, a missiva de Amorim dizia simplesmente isto: «Muito obrigado pelo seu comentário, o qual corresponde à verdade dos factos». Ri-me a bom rir.
Na volta do correio, a missiva de Amorim dizia simplesmente isto: «Muito obrigado pelo seu comentário, o qual corresponde à verdade dos factos». Ri-me a bom rir.
Hoje, Amorim foi novamente notícia de capa, no Jornal de Negócios, por ter valorizado a sua fortuna em 500 milhões de euros com a GALP em apenas dois dias. Discretamente, na petrolífera como na Banca, na Indústria e no Imobiliário, o império de Amorim é gigantesco à nossa escala e tão low profile quanto é possível sê-lo pela sua dimensão e natureza. Acredito até que Amorim seja o homem mais rico de Portugal. Na lista habitual onde pontificam os nomes de Belmiro e Soares dos Santos, valoriza-se a cotação bolsista. Mas a fortuna de Amorim, sendo também parte dela cotada, tem uma base material de activos que me parece ser hoje superior à dos seus dois «rivais».