Sua bênção, São Miguel
Mergulhei a vista na beleza sem par da lagoa das Sete Cidades. Contemplei, mudo de espanto, o hotel fantasma que se encontra lá no topo, com uma vista de 360 graus, varrendo em simultâneo o oceano e a imensa cratera que o rei D. Carlos visitou em 1901, na única visita de um monarca português, conforme atesta placa no local. Hotel Monte Palace, construído em meados da década de 80, em integração perfeita na paisagem, abandonado poucos anos depois - porquê? Tem algo que me lembra o hotel de Shining, de Stanley Kubrick. Dizem-me que hoje é habitado apenas por cães selvagens: triste sina deste edifício hipnótico.
Visito outras lagoas - a do Canário e a enigmática lagoa de Santiago, debruada de um bosque de cedros bravos, estonteantemente bela. De cortar a respiração. Avisto a orla costeira a norte - Santo António, Capelas, Calhetas. Cantoneiros cuidam das bermas das estradas a um ritmo incessante. Eis uma das notas dominantes na paisagem de São Miguel: a extrema limpeza de estradas e ruas. Vacas leiteiras ruminam num mar de verde que apazigua o olhar. Fetos arbóreos e loureiros alternam com as hortênsias, que enfeitam as mais inesperadas curvas do caminho.
Nisto, desço a Lagoa, na costa sul: rochas basálticas à beira-mar. Choveu dez minutos, logo o sol reabre. Apetece ficar ali sem prazo, a escutar o brado manso das ondas. Mas o restaurante, Porto de Carneiros, está fechado. Rumamos à capital: bar-restaurante Aliança, na rua Açoreano Oriental, que apregoa servir "o melhor bife do concelho de Ponta Delgada". Lamento, mas não vou muito em bifes: prefiro filetes de abrótea. Excelentes, tal como o pudim de mel à sobremesa.
A noite tépida convida ao passeio, ao paleio sem fim numa esplanada da marginal. Trauteio o Samba da Bênção, de Vinicius e Baden Powell: saravá, Açores. A vida é demasiado curta para a desperdiçarmos com o que não vale a pena. Isto vale. Tudo.
Visito outras lagoas - a do Canário e a enigmática lagoa de Santiago, debruada de um bosque de cedros bravos, estonteantemente bela. De cortar a respiração. Avisto a orla costeira a norte - Santo António, Capelas, Calhetas. Cantoneiros cuidam das bermas das estradas a um ritmo incessante. Eis uma das notas dominantes na paisagem de São Miguel: a extrema limpeza de estradas e ruas. Vacas leiteiras ruminam num mar de verde que apazigua o olhar. Fetos arbóreos e loureiros alternam com as hortênsias, que enfeitam as mais inesperadas curvas do caminho.
Nisto, desço a Lagoa, na costa sul: rochas basálticas à beira-mar. Choveu dez minutos, logo o sol reabre. Apetece ficar ali sem prazo, a escutar o brado manso das ondas. Mas o restaurante, Porto de Carneiros, está fechado. Rumamos à capital: bar-restaurante Aliança, na rua Açoreano Oriental, que apregoa servir "o melhor bife do concelho de Ponta Delgada". Lamento, mas não vou muito em bifes: prefiro filetes de abrótea. Excelentes, tal como o pudim de mel à sobremesa.
A noite tépida convida ao passeio, ao paleio sem fim numa esplanada da marginal. Trauteio o Samba da Bênção, de Vinicius e Baden Powell: saravá, Açores. A vida é demasiado curta para a desperdiçarmos com o que não vale a pena. Isto vale. Tudo.
.................................................................
Fotografia de João Carvalho
Etiquetas: Açores