Contributo para uma reflexão sobre a polémica em si (bemol)
Cara Mafalda,
A leitura do texto que lavrou provocou-me, após uma cuidada exegese que habitualmente reservo para prosas de ruptura epistemológica e tão copérnicas de revolucionárias quanto as de um Wittgenstein ou um Heidegger, uma paralaxe neuronal. Por um lado, recordei Robert Kurz e a sua afirmação tão significante, quando reitera que: «A crítica radical tem que debater-se com a inércia aparentemente avassaladora do existente que se sedimentou na consciência geral e, por conseguinte, também na esfera teórica da sociedade». Em suma, às vezes dou por mim a comprovar empiricamente que o Pedro Marques Lopes escreve parvoíces.
Por outro e concomitantemente, considero que há algo de leibniziano nesta dicotomia contraditória do meu ser-em-pensamento (algures haverá uma palavra em alemão para isto). Concordo que as substâncias são indivisíveis e não possuem uma natureza física ou material. Ou seja, que o número das substâncias não aumenta nem diminui naturalmente e estas só podem começar por criação e desaparecer por aniquilação, sendo Deus que as conserva e produz continuamente, por uma espécie de emanação. Mas também que é indubitável como cada substância individual exprime o universo todo à sua maneira. Assim: «Toda a substância apresenta uma marca da omnipotência e omnisciência de Deus, imitando-o tanto quanto lhe é possível» (Cito agora os autores do exame de filosofia do 12º ano de escolaridade, 2003). Um jacobino, resumamos, é também obra do divino.
Regressando a Kurtz, «Desde quando começa a inimizade com a afirmação da irmandade de sangue, a despedida com a declaração da respectiva impossibilidade, e a crítica radical com a constatação de se encontrar desde sempre contida no seu objecto»?. Se não entendeu ainda, embora não questione o contrário, a Mafalda, eu e o Pedro Marques Lopes somos a mesma mónada e partilhamos as mesmas formas a priori da sensibilidade de que falava Kant. Eu não conheço a Mafalda nem o Pedro. Nem, tanto quanto sei, ambos se conhecem. Mas para lá do conhecimento há algo maior que nos une. Que algo maior é esse? Ora aí está a pergunta que lanço aqui, destinada a ser resolvida pelos nossos Maiores.
A leitura do texto que lavrou provocou-me, após uma cuidada exegese que habitualmente reservo para prosas de ruptura epistemológica e tão copérnicas de revolucionárias quanto as de um Wittgenstein ou um Heidegger, uma paralaxe neuronal. Por um lado, recordei Robert Kurz e a sua afirmação tão significante, quando reitera que: «A crítica radical tem que debater-se com a inércia aparentemente avassaladora do existente que se sedimentou na consciência geral e, por conseguinte, também na esfera teórica da sociedade». Em suma, às vezes dou por mim a comprovar empiricamente que o Pedro Marques Lopes escreve parvoíces.
Por outro e concomitantemente, considero que há algo de leibniziano nesta dicotomia contraditória do meu ser-em-pensamento (algures haverá uma palavra em alemão para isto). Concordo que as substâncias são indivisíveis e não possuem uma natureza física ou material. Ou seja, que o número das substâncias não aumenta nem diminui naturalmente e estas só podem começar por criação e desaparecer por aniquilação, sendo Deus que as conserva e produz continuamente, por uma espécie de emanação. Mas também que é indubitável como cada substância individual exprime o universo todo à sua maneira. Assim: «Toda a substância apresenta uma marca da omnipotência e omnisciência de Deus, imitando-o tanto quanto lhe é possível» (Cito agora os autores do exame de filosofia do 12º ano de escolaridade, 2003). Um jacobino, resumamos, é também obra do divino.
Regressando a Kurtz, «Desde quando começa a inimizade com a afirmação da irmandade de sangue, a despedida com a declaração da respectiva impossibilidade, e a crítica radical com a constatação de se encontrar desde sempre contida no seu objecto»?. Se não entendeu ainda, embora não questione o contrário, a Mafalda, eu e o Pedro Marques Lopes somos a mesma mónada e partilhamos as mesmas formas a priori da sensibilidade de que falava Kant. Eu não conheço a Mafalda nem o Pedro. Nem, tanto quanto sei, ambos se conhecem. Mas para lá do conhecimento há algo maior que nos une. Que algo maior é esse? Ora aí está a pergunta que lanço aqui, destinada a ser resolvida pelos nossos Maiores.
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