Vontade de ler
Algumas destas cadeias de leitura na blogosfera têm piada. Uma delas é a que nos interpela a falar de cinco livros que lemos e podemos recomendar. Aceito novamente o desafio, agora a pedido do Afonso Reis Cabral, do Janelar. Pedindo naturalmente desculpa pelo atraso.
O Céu que nos Protege, de Paul Bowles. Tradução de José Agostinho Baptista (Assírio & Alvim). Um dos melhores romances que li na última década. Já sinto vontade de o reler. E de zarpar para o norte de África. A melhor literatura é assim: faz-nos mudar por dentro, faz-nos mudar a vida. Ou até mudar de vida.
A Fogueira e Outros Contos, de Jack London. Tradução de Ana Barradas (Antígona). Um dos grandes ficcionistas de todos os tempos, traduzido de forma impecável por uma das suas melhores divulgadoras em Portugal. Todos os contos são bons, mas há dois de antologia: o que dá nome ao livro e “O Bife”. Histórias intemporais sobre a condição humana.
Artur ou a Felicidade de Viver, de Françoise Giraud. Tradução de Rute dos Santos Leote (Inquérito). Um livrinho de memórias daquela que foi talvez a mais célebre jornalista francesa de todos os tempos. Lê-se de um fôlego mas sabe a pouco: ela tinha obrigação de fazer mais.
Avenida Paulista, de João Pereira Coutinho (Quasi). Excelentes crónicas de um dos melhores colunistas actuais da imprensa portuguesa. Num estilo distante do falso cinismo provocador que se tornou sua imagem de marca.
Film Noir, de vários autores (Overlook Press). Terceira edição de uma obra organizada por Alain Silver e Elizabeth Ward que constitui a referência definitiva sobre o fabuloso cinema negro americano. Uma colecção de ensaios que nos contam tudo quanto queríamos saber sobre filmes que nos marcaram para sempre. Laura, de Preminger. O Arrependido, de Tourneur. Pagos a Dobrar, de Wilder. Matar ou Não Matar, de Ray. O Desconhecido do Norte-Expresso, de Hitchcock. Gilda, de Charles Vidor. Os Assassinos, de Siodmak. A Dama de Xangai, de Welles. Quando a Cidade Dorme, de Houston. E tantos outros.
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