O PSD e a sombra das "elites"
Paulo Gorjão, um pouco à semelhança do que Paula Teixeira da Cruz defendeu aqui, receia uma debandada das elites que gravitam "no universo de influência do PSD" se Luís Filipe Menezes for o mais votado em 28 de Setembro para a presidência do partido. Lamento, mas não estamos de acordo. Menezes, ao que julgo saber, não tem afugentado elites em Vila Nova de Gaia, concelho que lidera com aplauso geral (é um dos mais populosos do País, não esqueçamos). Claro que há uma grande diferença entre ser autarca de sucesso (mesmo no município onde está sediada a maior concelhia social-democrata) e um líder credível à escala nacional. Mas, caro Paulo, não seria certamente com Menezes que as "elites" começariam a divorciar-se do PSD. José Miguel Júdice, suposto membro histórico dessa "elite" laranja, bateu com a porta e abandonou o partido precisamente com Mendes no comando. E outros, sem serem tão drásticos, têm-se distanciado claramente: Vasco Rato, Pedro Passos Coelho, Luís Paes Antunes, Assunção Esteves...
O problema do PSD, parece-me, é outro. Passa pela necessidade de renovação radical das tais "elites" invocadas por Paula Teixeira da Cruz. Há mais de duas décadas que são sempre os mesmos a influenciar os destinos do partido. Militantes "notáveis" que agem na sombra, que se movimentam nos bastidores, que coroam e destronam "líderes" sem jamais sacrificarem um átomo da sua comodidade pessoal para se candidatarem a cargos executivos. Se esta gente continuar a influenciar o destino do partido como até aqui, em breve a expressão eleitoral do PSD a nível nacional tornar-se-á muito semelhante ao resultado que os sociais-democratas agora obtiveram em Lisboa.
Menezes afugenta tais "elites"? Tanto melhor. As outras, de que Júdice era um expoente, já estão no lado de lá. Na esfera de influência de José Sócrates.