Da Hungria, com amor (2)
De uma cultura vivida assombrosa, os húngaros. Perto do crepúsculo, deslumbrados, ouvimos um violinista prodígio com nove anos de idade e que o mundo descobrirá certamente dentro em breve. Ouvimo-lo numa sala de estar de uma casa em Buda. A criança toca lendo uma pauta que praticamente desconhece, com a segurança só possível aos dotados com a aura do puro génio. O resultado emociona-nos. Muito mesmo. Noutra cidade, a 5 quilómetros da fronteira com a Sérvia, um museu expõe gravuras de Goya e de William Blake. Em cada esquina, livrarias e alfarrabistas. O primeiro livro que compro, por acidente ou não, é de um dos melhores poetas húngaros contemporâneos, János Pilinszky. Com poemas como este:
PATHOGRAPHY AND SWANSONG
A white arm from a snow-white mirror,
thin beautiful arm, with persistent force,
with a cold sponge, from the cold glass
tries since eternity to make somebody,
somebody or something vanish.