quinta-feira, julho 12, 2007

A realidade, agora mesmo

Intendente, 18.30

A hora de ponta é a hora maior. É quando a rua fica nervosa, os dealers medem a distância, e a praça, a poeira, os cheiros e a desconfiança tocam no fundo. Ao longe, todos tomam posição. É preciso um recanto, um esconso, o limão é podre. Não existem rostos, nem traços de lembrança. Caminha-se em frente, a raiva espetada. Ninguém vê, ninguém sabe. Os nomes são falsos, becos saturados de cansaço. Eles chegam, andam, um vai e vem, a praça é feita de centímetros. O que vale é o delírio, o esquecimento. As horas são soltas, violentas, ritmadas pela música que se ergue dos bares. O sorriso já não vale, é uma cumplicidade. Tudo vai em frente, atado, a rastejar. A hora de ponta está inquinada de fel, gesso, pó de talco e cortes de vazio.


Texto de Gito no Fora de Estrutura, a visitar para outras perspectivas.

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