quinta-feira, julho 12, 2007

As sete pragas lisboetas


Nesta eleição para a Câmara de Lisboa tem-se falado só do que não interessa aos munícipes. Fala-se do aeroporto da Ota, fala-se do aeroporto de Alcochete, fala-se no currículo de um como governante, fala-se no currículo de outro como opositor ao Governo, fala-se na necessidade de punir Sócrates, fala-se na possibilidade de premiar Sócrates, fala-se nos cartazes de beltrano, fala-se nos cartazes de sicrano.
Como jornalista, interessa-me tudo isto. Como munícipe de Lisboa, nada disto me interessa. Como eleitor, mais interessado na resolução de problemas concretos do que no blablá politico-ideológico, votarei em quem me parecer a pessoa mais indicada para me livrar das sete pragas lisboetas. Que passo a enunciar.


Carros – Estacionados em segunda fila, obstruindo faixas de rodagem e tudo quanto é passeio, obrigam vezes sem conta os transeuntes a circular... no asfalto. É urgente acabar com o estacionamento selvagem.
Lixo – Toneladas de entulho amontoam-se na cidade. Sem remoção eficaz em tempo útil. É urgente pôr fim a tanto lixo.
Ruínas – Milhares de prédios lisboetas ameaçam ruir a qualquer momento. Tornando ainda mais desoladora a paisagem urbana, fazem da reabilitação uma palavra vã. É urgente eliminar esta absurda imagem de uma Lisboa pronta-a-cair.
Pichagens – Alguns chamam-lhes grafitti: eu chamo-lhes poluição visual. É urgente pôr termo a esta estúpida mania de uns quantos meninos que adoram conspurcar paredes.
Descargas – A qualquer hora, frente a qualquer estabelecimento comercial da cidade, estacionam veículos de abastecimento. É urgente estancar esta “inciativa privada”, impondo horários fixos para cargas e descargas que não façam entupir ainda mais o trânsito.
Jardins – A cidade tem alguns jardins, mas quase todos são infrequentáveis. Por terem um aspecto desleixado e deprimente. É urgente pôr um ponto final à desolação dos espaços verdes e torná-los acolhedores.
Esterco – Poder-se-ia apelar ao civismo e ao bom-senso dos lisboetas para pôr fim à caca de pombo e à merda canina em todos os recantos e todos canteiros da cidade. Infelizmente os donos dos bobis que os levam a cagar nos passeios fronteiros a casa não aprendem e as velhinhas que adoram dar milho aos pombos também não. É urgente impor coimas que façam doer. A sério.

Coisas simples, dirão. Coisas demasiado complexas, digo eu. Quero lá saber da Ota. Resolvam-me antes o que mencionei acima e cá estarei para aplaudir.