A esquina do Rio
"Um partido como o PSD tem de dar sinais de que preserva a estabilidade e não anda a mudar de líder a cada esquina". O autor da frase é Rui Rio, que hoje almoçou com Marques Mendes, no Porto, e revelou-se um feroz apoiante do actual líder social-democrata. Há menos de um mês, como se sabe, Rio andou a ser pressionado por barrosistas destacados (como José Luís Arnaut, Nuno Morais Sarmento e Miguel Relvas) para assumir a ruptura, protagonizando uma "terceira via" alternativa a Luís Marques Mendes e a Luís Filipe Menezes. Ainda pensou no assunto, sabendo que tinha também o apoio do sector cavaquista do partido, só que acabou por passar a bola a José Pedro Aguiar-Branco, com quem almoçou e jantou tentando convencê-lo a avançar para as directas. Aguiar-Branco, que acalenta a ambição de se tornar numa espécie de novo Sá Carneiro - em comum só terão o facto de serem ambos naturais do Porto, advogados, de boas famílias e com alguns cabelos brancos, pois o malogrado primeiro-ministro está a anos-luz de tudo o que há neste PSD -, anda pensou no assunto, mas desistiu por alegada falta de apoios (a verdade é que foi aconselhado a não avançar porque dividia o mendismo e daria a vitória a Menezes). Veremos se no pós-eleições de 2009, que está já aí ao virar da esquina, Rui Rio também irá achar, como disse hoje, que o PSD só teve vitórias, à excepção de Lisboa, considerada uma "eleição atípica". Em 2009, o excelente argumento que agora usou (e com o qual concordo e que na prática o diferencia de muitos no partido), de que não poderia deixar a meio o mandato na Câmara do Porto, já não existe. Nessa altura, Rui Rio é livre que nem um passarinho, pois as autárquicas irão coincidir com as legislativas.