Informação e propaganda
Como já escrevi aqui e reitero hoje ainda com mais veemência, nada temos a aprender com o jornalismo espanhol. Pelo contrário, só temos a desaprender. Numa altura em que empresas espanholas vão reforçando posições no mercado informativo português, convém sublinhar isto com toda a clareza.
Repare-se nas manchetes de ontem dos dois principais jornais espanhóis sobre as eleições municipais e regionais de domingo:
El PSOE gana poder local, pero el PP se impone en numero de votos (El País)
El PP gana las municipales arrasando en Madrid pero pierde Baleares y Navarra (El Mundo)
Bastam estes títulos contraditórios para se perceber bem o conceito de informação subjacente aos dois periódicos: o El Mundo assume-se como bandeira da oposição ao Governo, o El País assume-se como bandeira da oposição à oposição. Como é possível PSOE e PP "ganharem" simultaneamente as eleições locais? É possível, claro, quando se pratica o "jornalismo" de trincheira, que elege a propaganda política acima do rigor dos factos.
Não precisamos de jornalismo deste. Não precisamos de jornais de facção, como já tivemos inúmeros exemplos por cá - do defunto Portugal Hoje, alinhado com o PS, ao actual Jornal da Madeira, enfeudado a Alberto João Jardim, passando pelo extinto O Diário, que fazia coro com as teses mais ortodoxas do Partido Comunista. Informação e propaganda são realidades antagónicas. É bom nunca nos esquecermos disso.