terça-feira, maio 01, 2007

À direita de Mendes

Luís Marques Mendes fez hoje o tradicional discurso dos presidentes do PSD num almoço dos Trabalhadores Sociais-Democratas (TSD) para comemorar o 1.º de Maio. E resolveu inovar. Talvez inebriado pelo ambiente que se vivia em Loures, Marques Mendes saiu-se com a ideia de que em muitas matérias o PS de Sócrates "está à direita do PSD". Isso mesmo, à direita do PSD, um tipo de discurso que estamos habituados a ouvir dos ortodoxos do PCP e do simpático Jerónimo de Sousa, mas que nunca se pensou que poderia sair da boca de um líder laranja. Mendes deu como exemplo a política do Governo na área da Saúde e arvorou-se em grande defensor do Estado-Social.
Tudo estaria bem, se o PSD que ele quisesse impor fosse um partido genuinamente social-democrata. Mas não é. Em "muitas áreas", como ele diz, o PSD diz coisas que nem o CDS se atreve a dizer. Exemplos: quer reduzir em vários milhares o número de funcionários públicos, quer privatizar a RTP, aposta num sistema misto de segurança social, quer "menos Estado". Resolva-se, dr. Mendes.
É por estas e por outras que muitos também pensam e intrigam em privado pela sua substituição antes de 2009. Com este tipo de tiradas, a situação pode tornar-se insustentável, porque Mendes dá de bandeja o eleitorado de direita a um senhor chamado Paulo Portas. Que ainda por cima está com um apetite enorme por esse eleitorado...