sexta-feira, abril 13, 2007

Perplexidades

1. Segundo Marques Mendes, José Sócrates revelou “uma falha de carácter” que “mina a sua credibilidade” como primeiro-ministro. O que fazer? Esta espécie de passe de mágica: nomear uma “entidade independente” que averigue o percurso académico do chefe do Governo. Terei ouvido bem? Uma “entidade independente”, seja ela qual for, é capaz de investigar “falhas de carácter”?
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2. Pinto Monteiro, que há quatro ou cinco dias não falava, chegou-se à frente para se declarar disponível na magna tarefa de investigar as eventuais irregularidades cometidas no percurso universitário de Sócrates. Pasmo com isto: como pode a Procuradoria-Geral da República, a quem compete o protagonismo no domínio da acção penal, detectar algum crime neste caso? Nada mais vislumbro aqui do que um excesso de zelo do procurador-geral, talvez entusiasmado em excesso com as infelizes palavras de Marques Mendes.
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3. Segundo Vasco Cardoso, da Comissão Política do PCP, a questão da licenciatura de Sócrates “tem sido sobretudo usada como instrumento de distracção dos reais problemas do País”. Usada por quem? Não pelo primeiro-ministro, que permaneceu três semanas de boca fechada. Não pela oposição, igualmente calada durante o mesmo período. Os comunistas acusam, portanto, os jornalistas que cumprem a sua missão profissional de distrair os portugueses “dos reais problemas do País”. Na opinião deles, devo concluir, saber se um primeiro-ministro foi indevidamente favorecido no processo de obtenção da licenciatura numa universidade que se tornou caso de polícia não é um problema. Doce oposição, a destes comunistas...