Falta de prestígio
Chateou-me a noite passada todo aquele blá blá blá corporativo do jornalista como paladino que só prejudica a imagem das pessoas contra vontade e em prol da verdade, «nós até gostamos de muita gente a quem estragamos a vida» e tudo isso. Mas, hoje, tenho que dizer que a decisão do Supremo Tribunal de Justiça relativamente ao processo entre o Público e o Sporting me parece uma verdadeira, perigosa e descabelada parvoíce.
Como é possível que a alta instância judicial delibere que a veracidade dos factos é secundária face aos prejuízos para a credibilidade de uma instituição? Ou, mais exactamente, «o seu prestígio ou merecimento no meio social de integração». Estes juízes estão doidos? Pensaram nem por um momento que fosse no que significa esta decisão como precedente para processos futuros? Pensaram e estão-se nas tintas? O seu ódio aos jornalistas sobrepõe-se ao seu amor pela verdade? Summum ius, summa iniuria, como dizia o grande Cícero. Se pensasse a sério no seu prestígio e no prestígio de uma sociedade democrática livre e aberta, o Supremo não decidia assim.