terça-feira, março 27, 2007

Vemos, ouvimos e lemos


Cerca de cem mil pessoas desceram há dias à rua em Pamplona, numa impressionante manifestação, gritando em uníssono “Navarra é Espanha”. Vão de mal a pior os nossos vizinhos: o simples facto de ser necessário fazer estas proclamações é um sinal evidente de que o Estado ameaça implodir. Quem brinca às autonomias, como o primeiro-ministro Zapatero tem feito enquanto persiste em arranhar as feridas mal cicatrizadas da guerra civil, acaba queimado. Com a Catalunha a um passo da independência e outras regiões com vontade crescente de lhe seguirem os passos, Espanha é hoje uma palavra cada vez mais destituída de sentido. Valha-lhes o rei, último símbolo da unidade nacional. Mas à medida que o tempo passa talvez já nem o prestígio do monarca consiga estancar a crise, agravada pelas absurdas concessões do Governo socialista aos separatistas bascos com mãos sujas de sangue. Portugal devia acompanhar com mais atenção o que se passa do outro lado da fronteira. Vêm aí tempos muitos difíceis. Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar.