E agora, algo completamente diferente

Através de um incompreensível fenómeno quântico, recebi este mail, datado de 5 de Março de 2007, de um tal Luís Naves que habita num dos numerosos universos paralelos. O interesse científico do texto parece justificar a sua publicação:

Caros companheiros de blogue:
Em Março de 1957, houve um projecto político de criar uma comunidade europeia, que deveria depois evoluir no sentido de uma espécie de união. Como sabem, nunca passou de projecto. O tratado deveria ter-se chamado de Roma, mas as divergências entre as nações levaram a que nunca fosse assinado.
Acho que esse tratado utópico deveria ter sido realidade. Viveríamos melhor do que hoje.
Como sabem, a França e a Alemanha nunca se reconciliaram. Os dois países são rivais comerciais e discordam em quase todas as matérias. Com a fraqueza cada vez mais evidente dos soviéticos (que continuam a ocupar a Alemanha de Leste), os alemães tentam agora criar uma nova força militar, para equilibrarem o exército francês. Meio século depois da oportunidade perdida da comunidade europeia, o Reino Unido está afastado dos assuntos continentais, apesar de ser uma potência sem a força de outrora. Londres vive de ilusões de grandeza. As fronteiras tornaram-se mais opacas e é difícil viajar na Europa. Todos os países protegem as suas economias, o que torna cada um mais fraco, com a sua própria moeda frágil. Os produtos e as leis têm cada vez menor qualidade. A Europa está a empobrecer e a ser ultrapassada por todos os blocos.
Portugal perdeu o império e é hoje uma nação isolada. A democracia é frágil e tem tutela militar. A nossa economia está atrasada e o desemprego continua elevado. Não recebemos ajuda de ninguém e não há capital para investir. Temos enormes despesas militares, para nos "defendermos" de Espanha. As nossas infraestruturas são velhas e decrépitas. As pessoas emigram em massa.
A Europa continua dividida em dois. Alguns países libertaram-se do jugo soviético, mas estão isolados e são pobres. Em todos eles, há problemas internos graves e temo que a evolução destas democracias de leste seja no sentido da guerra civil e dos regimes autoritários.
Enfim, dependemos todos excessivamente dos Estados Unidos, que não nos consideram parceiros credíveis. Se não existisse NATO, a Europa já teria entrado de novo em guerra. Fala-se outra vez na criação de uma comunidade europeia, mas apesar de termos perdido 50 anos, desta vez não podemos perder a oportunidade. É preciso apoiar este grandioso projecto, que nos poderá trazer algum conforto material e compreensão entre as nações desavindas da Europa...

Termina assim o mail deste sonhador. Como expliquei antes, ele vive num universo paralelo, num dos muitos que existem e onde os acontecimentos foram ligeiramente diferentes num qualquer ponto do passado.