A agonia do CDS
O triste espectáculo da luta pelo poder no interior do CDS revela pouco respeito dos ilustres conselheiros pelos seus eleitores. Acho que não vale pena comentar as manobras e intrigas de pequena substância. No entanto, a agonia do partido da direita pode ter consequências. Se o combate interno continuar neste nível ao longo de muitas semanas, até se definir a vitória final de Paulo Portas (resultado que parece quase inevitável), tudo indica que a futura liderança terá uma espécie de vitória de Pirro. Presidirá a ruínas. Se Ribeiro e Castro resistir e vencer, só o conseguirá à custa da incineração do próprio partido. Enfim, ou um deles desiste ou o CDS acaba.
O fim deste partido altera o cenário político. Em primeiro lugar, será mais um passo para a bipolarização, no fundo um sistema semelhante ao espanhol. Este é suavizado pelos partidos autonómicos, sobretudo os conservadores catalães; no caso hipotético português, restariam apenas o PCP e o Bloco de Esquerda, um em declínio e o outro demasiado pequeno.
Mas o fim do CDS perturba toda a direita. Provavelmente, o PSD tornar-se-ia mais populista, lutando por absorver o eleitorado deste sector, que controla apenas parcialmente. Isso obrigaria os social-democratas a perderem o centro que costumam disputar (é a questão do lençol demasiado curto, que ou tapa a cabeça ou os pés). Por outro lado, o aparecimento de novos partidos só resulta em situação de crise nacional, que manifestamente não existe (o País tem problemas muito graves, mas não está em crise de regime).
Em resumo, o esvaziamento do CDS leva-nos mais um bocado na direcção do sistema espanhol, de dois grandes partidos (um à direita e outro à esquerda). Só que em Portugal não há feridas da guerra civil nem razões para a crispação que alimenta aquele modelo. Os ódios terão de ser inventados.
O fim deste partido altera o cenário político. Em primeiro lugar, será mais um passo para a bipolarização, no fundo um sistema semelhante ao espanhol. Este é suavizado pelos partidos autonómicos, sobretudo os conservadores catalães; no caso hipotético português, restariam apenas o PCP e o Bloco de Esquerda, um em declínio e o outro demasiado pequeno.
Mas o fim do CDS perturba toda a direita. Provavelmente, o PSD tornar-se-ia mais populista, lutando por absorver o eleitorado deste sector, que controla apenas parcialmente. Isso obrigaria os social-democratas a perderem o centro que costumam disputar (é a questão do lençol demasiado curto, que ou tapa a cabeça ou os pés). Por outro lado, o aparecimento de novos partidos só resulta em situação de crise nacional, que manifestamente não existe (o País tem problemas muito graves, mas não está em crise de regime).
Em resumo, o esvaziamento do CDS leva-nos mais um bocado na direcção do sistema espanhol, de dois grandes partidos (um à direita e outro à esquerda). Só que em Portugal não há feridas da guerra civil nem razões para a crispação que alimenta aquele modelo. Os ódios terão de ser inventados.