A agonia do CDS
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O fim deste partido altera o cenário político. Em primeiro lugar, será mais um passo para a bipolarização, no fundo um sistema semelhante ao espanhol. Este é suavizado pelos partidos autonómicos, sobretudo os conservadores catalães; no caso hipotético português, restariam apenas o PCP e o Bloco de Esquerda, um em declínio e o outro demasiado pequeno.
Mas o fim do CDS perturba toda a direita. Provavelmente, o PSD tornar-se-ia mais populista, lutando por absorver o eleitorado deste sector, que controla apenas parcialmente. Isso obrigaria os social-democratas a perderem o centro que costumam disputar (é a questão do lençol demasiado curto, que ou tapa a cabeça ou os pés). Por outro lado, o aparecimento de novos partidos só resulta em situação de crise nacional, que manifestamente não existe (o País tem problemas muito graves, mas não está em crise de regime).
Em resumo, o esvaziamento do CDS leva-nos mais um bocado na direcção do sistema espanhol, de dois grandes partidos (um à direita e outro à esquerda). Só que em Portugal não há feridas da guerra civil nem razões para a crispação que alimenta aquele modelo. Os ódios terão de ser inventados.