domingo, março 18, 2007

Um elenco de ministros fatigados

O Governo entra no terceiro ano de vida com nítida perda de fôlego. Há ministros inexistentes, como Nunes Correia (Ambiente) e Mariano Gago (Ciência), que se limitam a gerir bem o silêncio. Outros parecem implorar para ser substituídos, como Isabel Pires de Lima (responsável por crescentes trapalhadas na cultura), Correia de Campos (prova viva de que o Executivo vai mal de saúde) e Manuel Pinho (uma irrelevância política, que tem apenas a seu favor o facto de divertir os portugueses cada vez que abre a boca a propósito ou a despropósito dos enredos da economia). Mas o caso mais complicado é o de Mário Lino, que continua a espalhar-se ao comprido na questão do putativo aeroporto da Ota. Escamoteando relatórios oficiais que chumbam o empreendimento, ignorando as prudentes advertências do Presidente da República e ensaiando uma fuga em frente ao assumir o projecto como uma incumbência "pessoal", com requintes de Rei-Sol, o titular das Obras Públicas vê-se agora no centro de todas as polémicas, ouvindo até remoques do ex-ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, que há dois anos se sentava ao seu lado no Conselho de Ministros. José Sócrates tem três meses para remodelar este elenco de ministros fatigados: depois de Portugal assumir a presidência da União Europeia tudo se tornará bem mais difícil.