Resposta a dois comentários
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Escrevem dois leitores que se existe referendo que TEM de ser feito é o europeu, pois envolve soberania nacional.
Em teoria, esta opinião é esmagadora. Na prática, as coisas são um pouco mais complexas. Avaliando pela experiência de três referendos sobre temas que diziam muito às pessoas, a participação dos eleitores foi e será baixa. A questão europeia não é mobilizadora, pelo que o referendo sobre o tratado será não vinculativo. Nem é preciso estarmos a elaborar sobre este ponto.
Sabemos o que isto significou na Holanda. A campanha foi dedicada à Constituição e os eleitores holandeses não fizeram como os franceses, que votaram pelo canalizador polaco ou pela globalização. Em resumo: a resposta vinculativa em França pode ser mudada com um novo presidente, a não vinculativa holandesa é de betão.
Referendar o tratado europeu implica uma campanha sobre um tema muito abstracto, de grande complexidade, em que terão vantagem argumentos populistas e simplificadores. Se for tão má como a campanha a que assistimos, ninguém vai discutir o essencial e serão agitados numerosos papões inexistentes.
Para mais, o resultado será não vinculativo. Se o "não" ao tratado vencer (hipótese bem plausível) vamos esperar oito anos para fazer novo referendo até acertarmos na resposta?
Etiquetas: Europa