Desmistificar o livro
A notícia é do Público de ontem, mas ainda está dentro do prazo de validade. Depois de há uns anos alguém ter falado em «desmistificar o vinho», a produtora Ler Mais veio afirmar que quer «desmistificar que ler é chato». Para isso, promete ter «um formato dinâmico». E o dinamismo passa por vender às editoras, por módicos 500 € cada 7 minutos, espaço para a promoção dos seus livros. Cada editora "compra" programas e tem direito a escolher o formato dos mesmos.
O empreendedor programa anuncia que tem o apoio do Plano Nacional de Leitura mas parece que Isabel Alçada já torce o nariz à ideia (o que só mostra que há vida inteligente no PNL) e irá para o ar na RTPN. Ora, eu estou bem consciente de que, neste país, o código da publicidade é uma letra tão morta como os hieróglifos da Pedra de Roseta mas, mesmo assim, sinto-me em pulgas. Se a coisa passar, é de uma inovação digna de ser vendida aos chineses. Imaginem só as aplicações infinitas possíveis. Cobrar aos políticos pelos soundbytes nos telejornais, aos «famosos» por cada inanidade proferida nos programas cor de rosa, aos músicos por cada aparição em TV, e etc. Desmistificar é o que está a dar.