terça-feira, janeiro 16, 2007

Filosofia de taxista

Esta manhã achei o trânsito notavelmente desimpedido em Lisboa. Mesmo assim, o taxista que me levou do Lumiar ao Marquês de Pombal ia exprimindo a sua visão do País em termos mais contundentes do que o Vasco Pulido Valente e o Miguel Sousa Tavares juntos. “Eu sempre disse que a Europa, para ser mesmo Europa, tinha de parar às portas de Portugal. Só é Europa da Espanha para lá. Portugal, com o passar do tempo, vai transformar-se numa espécie de Faixa de Gaza – entre a Europa e o mar. Não podemos ambicionar mais que isto...”
Atravessámos o Saldanha, descemos a Fontes Pereira de Melo e o homem não se calava. Mesmo antes de parar o veículo, rematou: “Olhe, isto não é um país: é uma quinta cheia de caseiros. Como ninguém sabe quem é o dono, toca tudo a gamar.” Paguei e raspei-me. Naturalmente, sem resposta à altura.