Falta de juízo
O João tem obviamente razão. Escreve ele que «O Portugal "competitivo", desafiante, do TGV, da OTA, da "globalização" e de outras maravilhas que me dispenso de nomear, não consegue transportar de Odemira para Lisboa um ferido grave em menos de seis horas».
Ao ler a cronologia do sucedido a António Oliveira no DN de hoje, recordei-me da morte de Joaquim Agostinho, há 20 anos. Se a história se repete aqui como tragédia, isso só demonstra como as auto-estradas não chegam para fazer um país. País esse que preferiu sempre estádios de futebol a hospitais, país onde esgotam os carros de luxo e escasseiam as ambulâncias e os helicópteros, país que se envergonha e goza com o seu interior e deixa quem o habita «longe de tudo» e vem depois, para a praça pública, lamentar e carpir com lágrimas de crocodilo as mortes dos outros que somos nós. Um país que no Inverno também arde, no lume mais lento da falta de juízo.