sábado, dezembro 23, 2006

Previsões 2007 (Médio Oriente)



E se o Hamas volta a ganhar na Palestina? Irá Israel mudar de atitude em relação ao governo radical?
Enfim, esta é uma entre muitas incógnitas que vão afligir a região do Médio Oriente em 2007.
A zona de fractura mais volátil do mundo, devido à cobiça das imensas riquezas no subsolo (três quartos das reservas petrolíferas mundiais), a região do Médio Oriente terá os seus olhos postos no que se passa na Palestina e no Iraque. E os fundamentalistas islâmicos podem ali reunir novos argumentos para alimentar a sua guerra santa.
O projecto dos neo-conservadores americanos de se transformar o Iraque num farol democrático, que seria depois imitado por todos os países da área, fracassou de forma clamorosa. O efeito real foi exactamente o inverso do desejado. Perante o descalabro do novo poder iraquiano, incapaz de se sustentar sem apoio externo, os regimes autoritários da região vão travar as suas tímidas experiências democráticas. Até porque se libertarem o voto, ganham os fundamentalistas.
Mas a situação mais perigosa parece ser a do conflito entre os dois principais ramos do Islão, o Sunita e o Xiita.
Em guerra aberta no Iraque, as duas comunidades terão tendência para chocar entre si, no âmbito da rivalidade entre Arábia Saudita e Irão.
Teerão tem ambições nucleares e um regime algo paranóico. Mas não me parece que os EUA estejam em condições de ameaçar os seus planos. Israel tem a vontade mas não possui os meios. Por isso, penso que o Irão conseguirá desenvolver bombas atómicas, talvez em 2008. Trata-se de uma perigosíssima proliferação, a marcar o início de uma guerra fria na região.
E que dizer da instabilidade crescente da monarquia saudita? As regras da sucessão do monarca aplicam-se a príncipes com mais de 70 anos. Em breve, a sucessão caberá à geração seguinte (uns 300 potenciais elegíveis), com divisões entre pelo menos duas facções, uma mais conservadora e hostil a Teerão, outra mais próxima do Ocidente. Conseguirá a família real manter a sua unidade?
A NATO também deve encontrar maiores dificuldades no Afeganistão. E é uma incógnita assustadora saber até que ponto existe uma possibilidade da Aliança Atlântica perder aquela guerra. Seria a primeira e a última travada fora da Europa pela organização.
Enfim, se é possível fazer previsões para o Médio Oriente em 2007, diria que todos estes conflitos vão agravar-se, com impacto nos preços do petróleo.

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